sábado, 8 de junho de 2013

De onde vem a Missa?



 Apesar da palavra não estar na Biblia, a Missa já era celebrada desde a época apostólica:

"E no primeiro dia da semana, ajuntando-se os discípulos para partir o pão, Paulo, que havia de partir no dia seguinte, falava com eles; e prolongou a prática até à meia-noite.
E havia muitas luzes no cenáculo onde estavam juntos. " (Atos 20:7-8)

"Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão;
E, tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim.
Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim.
Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice anunciais a morte do Senhor, até que venha.
Portanto, qualquer que comer este pão, ou beber o cálice do Senhor indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor.
Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice.
Porque o que come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo do Senhor.
Por causa disto há entre vós muitos fracos e doentes, e muitos que dormem."  (1 Coríntios 11:23-30)

Santo Inácio de Antioquia, (35 d.C ~ 105 d.C.), 3º bispo e sucessor de Pedro em Antioquia, conheceu pessoalmente São Paulo e foi discipulo direto do Apostolo João; já relatava a celebração Eucaristica:

“Abstêm-se eles da Eucaristia e da oração, por que não reconhecem que a Eucaristia é a carne de nosso Salvador Jesus Cristo, carne que padeceu por nos sos pecados e que o Pai, em Sua bondade, ressuscitou.” (Epístola aos Esmirnenses, cap 7)

 São Justino Matir viveu por volta de 100 a 165 d.C. e veja que ele já descreve a estrutura da Missa como conhecemos (Lembre-se que o Apostolo João viveu até proximo o ano 100):



“No chamado dia do Sol,( domingo ) reúnem-se em um mesmo lugar todos os que moram nas cidades ou nos campos. Leem-se as memórias dos apóstolos ou os escritos dos profetas, na medida em que o tempo permite. Terminada a leitura, aquele que preside toma a palavra para aconselhar e exortar os presentes à imitação de tão sublimes ensinamentos.

Depois, levantamo-nos todos juntos e elevamos as nossas preces; como já dissemos acima, ao acabarmos de rezar, apresentam-se pão, vinho e água. Então o que preside eleva ao céu, com todo o seu fervor, preces e ações de graças, e o povo aclama: Amém. Em seguida, faz-se entre os presentes a distribuição e a partilha dos alimentos que foram eucaristizados, que são também enviados aos ausentes por meio dos diáconos. Os que possuem muitos bens dão livremente o que lhes agrada. O que se recolhe é colocado à disposição do que preside. “Este socorre os órfãos, as viúvas e os que, por doença ou qualquer outro motivo se acham em dificuldade, bem como os prisioneiros e os hóspedes que chegam de viagem; numa palavra, ele assume o encargo de todos os necessitados” 

(Justino, I Apologia Cap. 66-67)

Esta estrutura apresentada por Sâo Justino vai se desenvolver até a forma ainda mais próxima da atual com São Gregorio Magno.

No "Tradição Apostolica" de por volta 215 d.C, você já vai reconhecer a nossa oração Eucaristica II atual:

"O Senhor esteja convosco.
Respondem todos: E com o teu espírito.

Corações ao alto.

Já os elevámos ao Senhor.

Dêmos graças ao Senhor.

É digno e justo. 

E prossiga assim:


Nós vos damos graças, ó Deus, por Jesus Cristo, vosso muito amado Filho, que nestes últimos tempos nos enviastes [como] Salvador, Redentor e Mensageiro da vossa vontade.


Ele é a vossa Palavra inseparável, por quem tudo criastes e que, porque assim foi do vosso agrado, enviastes do Céu ao seio de uma Virgem. Tendo sido concebido, fez-se homem e manifestou-se como vosso Filho, nascido do Espírito Santo e da Virgem.

Para cumprir a vossa vontade e adquirir para vós um povo santo, estendeu as mãos enquanto padecia, para livrar do sofrimento os que confiaram em Vós.

Na hora em que Ele se entregava voluntariamente à Paixão para destruir a morte, despedaçar as cadeias do Diabo, calcar aos pés o Inferno, conduzir os justos à luz, estabelecer a lei [da fé] e manifestar a [vitória da] ressurreição, tomou o pão e deu-vos graças, dizendo:


Tomai e comei, isto é o meu Corpo, que será destruído por vós.


De igual modo, tomou o cálice, dizendo:


Este é o meu Sangue, que será derramado por vós. Quando fizerdes isto, fazei-o em memória de Mim.


Por isso, lembrando-nos da sua morte e da sua ressurreição, nós vos oferecemos este pão e este cálice e vos damos graças, porque nos julgastes dignos de estar de pé diante de Vós e de vos servir como sacerdotes.


Nós vos pedimos que envieis o vosso Espírito sobre a oblação da santa Igreja. 


Reunindo na unidade todos aqueles que participam nos vossos santos [mistérios], dai-lhes a graça de serem repletos do Espírito Santo, para fortalecerem a sua fé na verdade, a fim de que vos louvemos e glorifiquemos pelo vosso Filho Jesus Cristo, pelo qual a Vós a honra e a glória [Pai e Filho], com o Espírito Santo, na santa Igreja, agora e pelos séculos dos séculos.

Amen." (Tradição Apostólica, 4)

Com a liberdade de culto após o Edito de Milão em 313 d.C., houve maior desenvolvimento da liturgia cristã. Não tendo de se esconder, os cristãos adaptaram espaços melhores para celebrações.

Se desenvolveu a composição das demais Orações eucarísticas e de outros textos de oração. Depois, elaboraram-se as listas de leituras para cada celebração. Posteriormente, fixaram-se também os outros textos de oração.

Até São Gregório Magno (590-604) não existia um Missal Oficial com o Próprio das missas do ano.

O líber Sacramentorum foi redigido, por encargo de São Gregório no princípio de seu pontificado, para serviço e uso da liturgia pontifical.

Pode-se dizer que este Missal contém agora quase a mesma Missa Tradicional que chegou a nossos dias, pois as modificações ou adições que São Pio V (1566-1572) efetuou ao codificar o seu Missal Romano foram muito pequenas.

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