domingo, 6 de janeiro de 2013

O que é ecumenismo?



É um belíssimo movimento de fé e amor suscitado pelo Espírito Santo no coração de tantos cristãos de diversas comunidades eclesiais no sentido de rezar e trabalhar com esforço sincero para conseguir uma maior unidade entre os cristãos. Assim, a finalidade última do movimento ecumênico é a unidade visível da Igreja de Cristo, expressa na comunhão de fé e amor entre todos os que têm o nome de cristãos. Sendo assim, o ecumenismo dá-se somente entre as comunidades cristãs, isto é, aquelas que aceitam Jesus como Senhor, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, Salvador do mundo, e professam a Santa e Indivisa Trindade do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Neste sentido, não são cristãos os espíritas, as testemunhas de Jeová, os mórmons...Com eles, não se deve falar em ecumenismo: com os não-cristãos faz-se diálogo inter-religioso, que é a busca de um respeito recíproco para trabalhar em prol do bem comum e dos valores humanos universais. Então, a palavra-chave para o ecumenismo é unidade; já para o diálogo inter-religioso, a palavra-chave é respeito.



As igrejas cristãs são todas iguais?

Para que se coloque o ecumenismo em prática de modo correto, é necessário compreender a doutrina católica sobre a Igreja e suas relações com os outros cristãos! A nossa fé é claramente exposta pelo Concílio Vaticano II:

(1) A Igreja é necessária para a salvação, porque Cristo, o único Salvador, quis a Igreja, fundou a Igreja e deu-lhe a missão de continuar sua missão: “Cristo, Mediador único, constitui e sustenta indefectivelmente sobre a terra, como organismo visível, a sua Igreja santa, comunidade de fé, de esperança e de caridade, e por meio dela comunica a todos a verdade e a graça” (LG 8 ). Então, a Igreja não é facultativa ou sem importância: aderir a Cristo exige a pertença à sua Igreja, pela qual Cristo fala e na qual Cristo dá a salvação, sobretudo nos sacramentos da fé.

(2) Esta Igreja de Cristo é única e permanece de modo pleno somente na Igreja católica, fundada por Cristo: “Esta é a única Igreja de Cristo, que no Símbolo (= Credo) professamos una, santa, católica e apostólica, e que o nosso Salvador, depois da sua ressurreição, confiou a Pedro para que ele a apascentasse, encarregando-o, assim como aos demais apóstolos, de a difundirem e de a governarem, levantando-a para sempre como ‘coluna e sustentáculo da verdade’. Esta Igreja, como sociedade constituída e organizada neste mundo, subsiste (= permanece inteira, continua íntegra na sua essência) na Igreja católica, governada pelo Sucessor de Pedro e pelos bispos em comunhão com ele” (LG 8 ).

(3) E as outras comunidades cristãs? O Concílio ensina que elas têm elementos da Igreja de Cristo e afirma claramente que fora do corpo visível da Igreja católica há inúmeros elementos de santificação e verdade (cf. LG 8); e os cita: “a palavra de Deus escrita, a vida da graça, a fé, a esperança e a caridade e outros dons interiores do Espírito Santo e elementos visíveis” (UR 3). O Concílio também afirma que os atos de culto de nossos irmãos separados são canais de graça e podem conduzir à salvação: “Também não poucas ações sagradas da religião cristã são celebradas entre os nossos irmãos separados... estas ações podem realmente produzir a vida da graça e devem mesmo ser tidas como aptas para abrir a porta à comunhão e à salvação” (UR 3). Portanto, o Espírito do Ressuscitado serve-se também dessas comunidades separadas da Igreja católica: “As igrejas e comunidades separadas, embora creiamos que tenham defeitos (na profissão de sua fé, na sua doutrina e práxis eclesial), de forma alguma estão despojadas de sentido e de significação no mistério da salvação. Pois o Espírito de Cristo não recusa servir-se delas como meio de salvação cuja força deriva da própria plenitude de graça e verdade confiada a Igreja católica” (UR 3).

(4) Nossos irmãos não-católicos não estão visivelmente na plena comunhão da Igreja de Cristo, que somente se realiza na Igreja católica: “Os irmãos separados, quer como indivíduos, quer como comunidades e igrejas, não gozam daquela unidade que Jesus quis prodigalizar a todos os que regenerou e convivificou num só corpo e numa vida nova; unidade que as Sagradas Escrituras e a venerável Tradição da Igreja abertamente declaram. Porque só pela Igreja católica de Cristo, que é o instrumento geral da salvação, pode ser atingida toda a plenitude dos meios da salvação” (UR 3).

Estes pontos, aqui apresentados mostram-nos o quanto é firme e coerente a posição da Igreja na questão ecumênica. O Concílio nada mais fez que reafirmar a fé constante da Igreja de Cristo. Uma coisa deve ter ficado clara: ecumenismo não é relativismo (dizer que todas as religiões são iguais e têm o mesmo valor), não é irenismo (fazer de conta que dá pra ficar tudo como está, aceitando a doutrina uns dos outros como se essa Babel doutrinal fosse vontade de Cristo e estivesse de acordo com a doutrina dos Apóstolos) nem tampouco é sincretismo (mistura de religiões e de ritos). Então, cuidado com a palavra “ecumenismo”: pode prestar-se a tristes enganos!

Por: Bispo Dom Henrique

Link original e continuação

Nenhum comentário:

Postar um comentário